
Vacinas e Autismo: desvendando mitos
A teoria de que vacinas causam autismo se espalhou por diferentes plataformas, gerando dúvidas e preocupações. Esse movimento de desinformação não apenas impacta a saúde pública, mas também afeta diretamente famílias de crianças atípicas. É crucial combater a desinformação com fatos, e a ciência já tem a resposta.
Como surgiu a falsa ligação entre vacinas e autismo?
A ideia de uma correlação entre autismo e vacinas nasceu de uma publicação fraudulenta de Andrew Wakefield em 1998, no periódico científico The Lancet. O estudo, realizado com apenas 12 crianças, levantou a hipótese de que a vacina tríplice viral (MMR) poderia causar inflamação intestinal e levar a problemas neurológicos, como o autismo.
No entanto, descobriu-se que Wakefield havia manipulado dados, não seguiu protocolos éticos e tinha conflitos de interesse financeiros. Por conta das fraudes e falhas éticas, seu estudo foi formalmente retratado pelo periódico em 2010, e ele teve sua licença médica revogada. Hoje, a comunidade científica global repudia essa pesquisa.
O que a ciência realmente diz sobre o assunto?
Desde a publicação de Wakefield, inúmeros estudos robustos foram realizados para investigar a suposta ligação. Um dos mais recentes é um estudo dinamarquês (Hviid et al., 2019) publicado nos Annals of International Medicine, que analisou mais de 650.000 crianças. O resultado foi conclusivo: não foi encontrada nenhuma associação entre a vacina tríplice viral e o aumento do risco de autismo, nem mesmo em crianças com predisposição genética.
Apesar da ciência ter desmentido essa afirmação de forma categórica, as notícias falsas persistem, colocando em risco a saúde da população. A diminuição da cobertura vacinal em muitos países tem levado ao ressurgimento de doenças já controladas, como o sarampo e a poliomielite, que podem ser fatais ou causar sequelas graves.
Onde buscar informações confiáveis?
A melhor forma de proteger a saúde de nossos filhos é buscar informações de fontes seguras e com compromisso científico. Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde no Brasil e o CDC nos EUA oferecem dados oficiais, documentos e guias que desmistificam o assunto de forma clara e objetiva.
Autismo não está relacionado a vacinas. As evidências científicas apontam para causas genéticas e ambientais. A vacinação é um ato de cuidado, amor e responsabilidade. É a única forma de proteger nossos pequenos de doenças graves e garantir um futuro mais saudável para todos.
Se você ainda tiver dúvidas, estamos aqui para ajudar. A equipe da Adapt está pronta para ter uma conversa franca e acolhedora sobre o assunto.
Referências
Wakefield, A. J., Murch, S. H., Anthony, A., Linnell, J., Casson, D. M., Malik, M., … & Walker-Smith, J. A. (1998). Ileal-lymphoid-nodular hyperplasia, non-specific colitis, and pervasive developmental disorder in children. The Lancet, 351(9103), 637-641.
Hviid, A., Hansen, J. V., Frisch, M., & Melbye, M. (2019). Measles, Mumps, Rubella Vaccination and Autism: A Nationwide Cohort Study. Annals of Internal Medicine, 170(8), 513-520.
DeStefano, F., Bleske, B., & Nelson, J. (2004). Age at first measles-mumps-rubella vaccination in children with autism and those with typical development. The New England Journal of Medicine, 351(25), 2636-2640.
Organização Mundial da Saúde. (2025). Vaccines and immunization: What is a vaccine?. Recuperado em [Data de acesso], de https://www.who.int/news-room/questions-and-answers/item/coronavirus-disease-%28covid-19%29-vaccines.
Centers for Disease Control and Prevention. (2025). Vaccines and Immunizations: Vaccine Safety. Recuperado em [Data de acesso], de https://www.cdc.gov/vaccine-safety/about/autism.html.
Ministério da Saúde. (2025.). Programa Nacional de Imunizações (PNI). Recuperado em 07/09/2025, de https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/pni.

Fernando Lopes
Psicólogo Comportamental, especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo pelo Núcleo Paradigma e um dos diretores da Adapt.